Reuniões

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama

Proc. nº 02000.005258/98-32

Pneumáticos.

Interessado: Câmara Técnica de Controle Ambiental

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO CONAMA

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990 e suas alterações, tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, e

Considerando os princípios de não geração e de minimização de resíduos;

Considerando que os pneumáticos inservíveis abandonados ou dispostos inadequadamente constituem-se em passivo ambiental que resulta em sério risco ao meio ambiente e à saúde pública, especialmente no que concerne à transmissão de doenças como dengue e febre amarela;

Considerando que não há possibilidade de reaproveitamento desses pneumáticos inservíveis para uso veicular e nem para processos de reforma, tais como recapagem, recauchutagem e remoldagem;

Considerando que uma parte dos pneumáticos novos, depois de usados, pode ser utilizada como matéria prima em processos de reciclagem;

Considerando a necessidade de dar destinação final, de forma ambientalmente adequada e segura, aos pneumáticos inservíveis, como política de proteção ao meio ambiente e à saúde pública, resolve:

Art. 1o As empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar destinação final ambientalmente adequada aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução relativa às quantidades fabricadas ou importadas.

Parágrafo único. As empresas que realizem processos de reforma ou de destinação final ambientalmente adequada de pneumáticos ficam dispensadas de atender ao disposto neste artigo, exclusivamente no que se refere a utilização dos quantitativos de pneumáticos coletados no território nacional.

Art. 2o Para os fins do disposto nesta Resolução, considera-se:

I - pneu ou pneumático: artefato inflável, constituído basicamente por borracha e materiais de reforço, utilizado para rodagem em veículos de transporte;

II - pneu ou pneumático novo: é aquele que nunca antes foi utilizado para rodagem sob qualquer forma, - para efeitos de importação, enquadra-se no código 4011 da Tarifa Externa Comum – TEC;

III - pneu ou pneumático reformado: é todo pneumático que foi submetido a algum tipo de processo industrial com o fim específico de aumentar sua vida útil de rodagem em meios de transporte, tais como recapagem, recauchutagem ou remoldagem, - para efeitos de importação, enquadra-se no código 4012.10 da Tarifa Externa Comum – TEC;

IV - pneu ou pneumático inservível: é aquele que não mais se presta a processo de reforma que permita condição de rodagem adicional.

Art. 3o Os prazos e quantidades para coleta e destinação final, de forma ambientalmente adequada, dos pneumáticos inservíveis de que trata esta Resolução, são os seguintes:

I - a partir de 1o de janeiro de 2002: para cada quatro pneus novos fabricados no Brasil ou pneus importados, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final, de forma ambientalmente adequada, a um pneu inservível;

II - a partir de 1o de janeiro de 2003: para cada dois pneus novos fabricados no Brasil ou pneus importados, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final, de forma ambientalmente adequada, a um pneu inservível;

III - a partir de 1o de janeiro de 2004:

a) para cada um pneu novo fabricado no País ou pneu novo importado, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final, de forma ambientalmente adequada, a um pneu inservível;

b) para cada quatro pneus reformados importados, de qualquer tipo, as empresas importadoras deverão dar destinação final, de forma ambientalmente adequada, a cinco pneus inservíveis;

IV - a partir de 1o de janeiro de 2005:

a) para cada quatro pneus novos fabricados no Brasil ou pneus novos importados, inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as importadoras deverão dar destinação final, de forma ambientalmente adequada, a cinco pneus inservíveis;

b) para cada três pneus reformados importados, de qualquer tipo, as empresas importadoras deverão dar destinação final, de forma ambientalmente adequada, a quatro pneus inservíveis.

§ 1o O disposto neste artigo não se aplica aos pneumáticos exportados ou aos que equipam veículos exportados pelo país.

§ 2o No quinto ano de vigência desta Resolução, o Conama, após avaliação a ser procedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - Ibama, reavaliará as políticas, diretrizes e procedimentos estabelecidos nesta norma.

Art. 4o O Ibama poderá adotar, para efeito de fiscalização e controle, a eqüivalência em peso dos pneumáticos inservíveis.

Art. 5o As empresas importadoras deverão, a partir de 1o de janeiro de 2002, comprovar perante o Ibama, previamente aos embarques no exterior, a destinação final, de forma ambientalmente adequada, das quantidades de pneus inservíveis estabelecidas no art. 3o desta Resolução, correspondentes às quantidades a serem importadas, para efeitos de liberação de importação junto ao Departamento de Comércio Exterior - DECEX/MDIC.

Art. 6o As empresas fabricantes de pneumáticos deverão, a partir de 1o de janeiro de 2002, comprovar perante o IBAMA, anualmente, a destinação final, de forma ambientalmente adequada, das quantidades de pneus inservíveis estabelecidas no art. 3o desta Resolução correspondentes às quantidades fabricadas.

Art. 7o Os fabricantes e importadores de pneumáticos poderão efetuar a destinação final, de forma ambientalmente adequada, dos pneus inservíveis de sua responsabilidade, em instalações próprias ou mediante contratação de serviços especializados de terceiros.

Parágrafo único. As instalações para o processamento de pneus inservíveis e a destinação final de forma ambientalmente adequada deverão atender ao disposto na legislação ambiental em vigor, inclusive no que se refere ao licenciamento ambiental.

Art. 8o A partir da data de publicação desta Resolução fica proibida a destinação final inadequada de pneumáticos inservíveis, tais como: disposição inadequada em aterros sanitários, mar, rios, lagos ou riachos, terrenos baldios ou alagadiços, e queima a céu aberto.

Art. 9o Os fabricantes e os importadores poderão criar centrais de recepção de pneus inservíveis, a serem localizadas e instaladas de acordo com as normas ambientais e de saúde vigentes, para armazenamento temporário, visando serem posteriormente enviados para uma destinação final ambientalmente segura e adequada.

Art. 10. Os distribuidores, os revendedores e os consumidores finais de pneus, em articulação com os fabricantes, importadores e Poder Público, deverão colaborar na adoção de procedimentos visando implementar a coleta dos pneus inservíveis existentes no País.

Art. 11. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução sujeitará os infratores às penalidades estabelecidas na Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

Art. 12. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.